António José Seguro: Investimento em Defesa Deve Priorizar Tecnologia e Beneficiar Outras Áreas

António José Seguro, antigo Secretário-Geral do PS, defende uma mudança de paradigma no investimento em Defesa nacional. Em vez de se focar apenas em equipamentos tradicionais, Seguro argumenta que Portugal deve priorizar o investimento em tecnologia de ponta, com o objetivo de impulsionar não só a capacidade de defesa, mas também outras áreas estratégicas da economia.
Num contexto de crescente instabilidade geopolítica e de ameaças complexas, Seguro sublinha a importância de Portugal estar preparado para enfrentar os desafios do século XXI. No entanto, ele questiona a eficácia do modelo atual de investimento em Defesa, que considera excessivamente focado em equipamentos obsoletos e pouco adaptado às novas realidades.
“Já se gasta imenso em defesa no conjunto dos países da NATO e, designadamente, dos países europeus”, afirma Seguro. “No entanto, é preciso repensar a forma como esse investimento é feito. Em vez de gastarmos mais em equipamentos que rapidamente ficam desatualizados, devemos investir em tecnologia que nos permita ter uma defesa mais eficaz e, ao mesmo tempo, impulsionar a inovação e o desenvolvimento em outras áreas.”
Seguro propõe um modelo de investimento em Defesa que seja mais estratégico e multifuncional. Ele sugere que Portugal deve investir em áreas como a cibersegurança, a inteligência artificial, a robótica e a análise de dados, que podem ser utilizadas tanto para fins de defesa como para fins civis.
“A tecnologia que desenvolvemos para a Defesa pode ser utilizada em áreas como a saúde, a educação, a energia e a agricultura”, explica Seguro. “Ao investirmos em tecnologia de ponta, estamos a criar um ciclo virtuoso que beneficia a economia como um todo.”
A visão de Seguro alinha-se com as recomendações de diversos especialistas em Defesa, que defendem a necessidade de uma abordagem mais inovadora e integrada para a segurança nacional. A aposta em tecnologia não só aumenta a capacidade de resposta a ameaças, como também estimula a criação de emprego de alta qualidade e o desenvolvimento de um ecossistema de inovação em Portugal.
Em suma, António José Seguro apela a uma reflexão profunda sobre o modelo de investimento em Defesa em Portugal, defendendo que a prioridade deve ser a tecnologia e a sua aplicação em benefício de toda a sociedade. Esta abordagem estratégica não só fortalecerá a segurança nacional, como também impulsionará o crescimento económico e a competitividade de Portugal no cenário global.