Psicadélicos em Terapia: Um Acesso Equitativo é Crucial para Evitar Desigualdades na Saúde Mental

2025-05-12
Psicadélicos em Terapia: Um Acesso Equitativo é Crucial para Evitar Desigualdades na Saúde Mental
Público

A crescente atenção em torno do potencial terapêutico de substâncias psicadélicas, como a psilocibina e o LSD, tem gerado entusiasmo e, simultaneamente, preocupações. Um recente guia lançado por um grupo de trabalho especializado ressalta a necessidade urgente de regulamentação e acesso equitativo a essas terapias, alertando para o risco de aprofundar as desigualdades no acesso a cuidados de saúde mental.

Atualmente, o uso clínico de psicadélicos em Portugal está limitado a ambientes hospitalares e clínicas especializadas. Embora essa abordagem garanta um certo nível de segurança e supervisão, também restringe o acesso a um número limitado de pacientes, principalmente aqueles com maior poder aquisitivo ou que residem em áreas urbanas com acesso a esses serviços. A ausência de uma regulamentação clara e abrangente agrava essa situação, criando um cenário onde os benefícios terapêuticos dessas substâncias não são democratizados.

O guia em questão enfatiza a importância de garantir que o acesso a terapias psicadélicas seja justo e equitativo, independentemente da condição socioeconómica, localização geográfica ou etnia do paciente. Para isso, propõe uma série de medidas, incluindo a criação de programas de apoio financeiro, a formação de profissionais de saúde mental em todo o país e a implementação de protocolos de segurança rigorosos.

A necessidade de regulamentação não se limita apenas à questão do acesso. É fundamental estabelecer diretrizes claras sobre a qualificação dos terapeutas, os critérios de seleção dos pacientes, a segurança dos procedimentos e o acompanhamento pós-terapia. A falta de regulamentação pode levar a práticas inadequadas, colocando em risco a saúde e o bem-estar dos pacientes.

Além disso, a regulamentação deve levar em consideração as particularidades culturais e sociais de Portugal. É importante garantir que as terapias psicadélicas sejam culturalmente sensíveis e adaptadas às necessidades específicas de cada paciente. A colaboração entre profissionais de saúde, investigadores, legisladores e a comunidade em geral é essencial para o desenvolvimento de uma regulamentação eficaz e inclusiva.

O potencial terapêutico dos psicadélicos é inegável, e a sua utilização responsável pode trazer benefícios significativos para a saúde mental da população portuguesa. No entanto, para que esse potencial seja plenamente realizado, é imperativo que o acesso a essas terapias seja equitativo e que a sua utilização seja regulamentada de forma clara e abrangente. Caso contrário, corremos o risco de criar um fosso ainda maior no acesso a cuidados de saúde mental, perpetuando as desigualdades sociais e limitando o acesso a tratamentos inovadores para aqueles que mais precisam.

A discussão sobre a regulamentação dos psicadélicos em Portugal está apenas a começar. É fundamental que todos os intervenientes se envolvam nesse debate de forma construtiva, com o objetivo de encontrar soluções que garantam o acesso equitativo a terapias seguras e eficazes, promovendo a saúde mental e o bem-estar de todos os cidadãos.

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