Inteligência Artificial na Saúde: Um Viés de Gênero que Prejudica as Mulheres?

2025-08-12
Inteligência Artificial na Saúde: Um Viés de Gênero que Prejudica as Mulheres?
Olhar Digital

Um estudo recente da London School of Economics (LSE) levanta uma preocupação crescente sobre o uso da inteligência artificial (IA) na área da saúde: a possibilidade de viés de gênero. A pesquisa, que analisou o modelo de linguagem Gemma, revelou que este tende a descrever as necessidades de saúde femininas de forma mais branda, o que pode levar a um acesso limitado e inadequado a cuidados essenciais.

O Problema do Viés na IA

A IA está a transformar a área da saúde, desde o diagnóstico de doenças até a personalização de tratamentos. No entanto, a eficácia e a justiça dessas aplicações dependem da qualidade dos dados utilizados para treinar os algoritmos. Se os dados refletirem preconceitos existentes na sociedade, a IA pode perpetuá-los e até amplificá-los.

Neste caso, o estudo da LSE demonstra que o Gemma, um modelo de linguagem amplamente utilizado, apresenta um viés de gênero que afeta a forma como as necessidades de saúde das mulheres são avaliadas e compreendidas.

Como o Gemma Minimiza as Necessidades Femininas?

A pesquisa identificou que o Gemma tende a usar uma linguagem menos assertiva e detalhada ao descrever as preocupações de saúde das mulheres. Por exemplo, em vez de reconhecer a gravidade de um sintoma, o modelo pode minimizá-lo ou atribuí-lo a fatores menos relevantes. Este tipo de resposta pode levar os profissionais de saúde a subestimar a condição da paciente e a atrasar ou negar o tratamento adequado.

Impacto no Acesso a Cuidados de Saúde

As implicações deste viés são significativas. Mulheres que já enfrentam barreiras no acesso a cuidados de saúde, como a discriminação de gênero e a falta de representatividade, podem ser ainda mais prejudicadas pelo uso da IA. A minimização das suas necessidades pode resultar em diagnósticos tardios, tratamentos inadequados e, em última análise, piores resultados de saúde.

O que Pode Ser Feito?

Para mitigar este problema, é crucial que os desenvolvedores de IA adotem uma abordagem mais consciente e inclusiva no desenvolvimento de modelos de linguagem. Algumas medidas que podem ser tomadas incluem:

  • Diversificação dos Dados de Treinamento: Garantir que os conjuntos de dados utilizados para treinar a IA sejam representativos da diversidade da população, incluindo mulheres de diferentes origens e condições de saúde.
  • Auditoria e Avaliação Contínua: Realizar auditorias regulares dos modelos de IA para identificar e corrigir possíveis vieses.
  • Transparência e Explicação: Tornar os algoritmos de IA mais transparentes e explicáveis, para que os profissionais de saúde possam entender como as decisões são tomadas e identificar eventuais erros.
  • Envolvimento de Especialistas em Saúde Feminina: Consultar especialistas em saúde feminina durante o desenvolvimento e a avaliação da IA, para garantir que as necessidades específicas das mulheres sejam devidamente consideradas.

Conclusão

O estudo da LSE serve como um alerta importante sobre os riscos do viés de gênero na IA na saúde. É fundamental que a comunidade científica, os desenvolvedores de tecnologia e os profissionais de saúde trabalhem juntos para garantir que a IA seja utilizada de forma ética e equitativa, promovendo a saúde e o bem-estar de todos, independentemente do seu gênero.

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