Impacto Económico e na Saúde: Como as Políticas de Trump Afetam o Brasil

As políticas implementadas durante a presidência de Donald Trump têm gerado um impacto significativo na economia brasileira, particularmente no setor de saúde. Um estudo recente da Fiocruz revela que o défice comercial do Complexo Económico-Industrial da Saúde (CEIS) do Brasil com os Estados Unidos aumentou drasticamente nas últimas três décadas, atingindo um crescimento de 70%.
Carlos Gadelha, coordenador do Grupo de Pesquisa, Desenvolvimento e CEIS da Fiocruz, detalha essa tendência preocupante. Em 1997, o défice comercial entre Brasil e EUA no setor de saúde era de 1,6 bilhões de dólares. Contudo, em 2024, esse valor saltou para 2,7 bilhões de dólares, demonstrando uma dependência crescente do Brasil em relação aos produtos e tecnologias de saúde dos EUA.
Este aumento do défice comercial não se resume apenas a números. Ele reflete uma dinâmica complexa de importação de equipamentos médicos, medicamentos e tecnologias de ponta, muitas vezes a preços elevados, enquanto as exportações brasileiras no setor de saúde permanecem relativamente limitadas. A falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento local, combinada com barreiras comerciais e a influência de políticas protecionistas, contribuem para essa situação.
As consequências dessa dependência são multifacetadas. Em primeiro lugar, o Brasil torna-se vulnerável a flutuações nas políticas comerciais dos EUA, como as impostas durante a era Trump, que podem afetar o acesso a produtos essenciais e aumentar os custos para o sistema de saúde. Em segundo lugar, a concentração de poder e conhecimento tecnológico nos EUA dificulta o desenvolvimento de uma indústria de saúde nacional robusta e inovadora. A dependência tecnológica limita a capacidade do Brasil de responder a crises de saúde pública e de desenvolver soluções adaptadas às suas necessidades específicas.
Para reverter essa tendência, especialistas defendem a necessidade de políticas públicas que incentivem o investimento em pesquisa e desenvolvimento, promovam a inovação tecnológica e fortaleçam a competitividade da indústria de saúde brasileira. É crucial diversificar as relações comerciais, buscando novos parceiros e mercados para os produtos de saúde nacionais. Além disso, é fundamental aprimorar a coordenação entre os setores público e privado, criando um ambiente favorável ao crescimento e à sustentabilidade do CEIS-Brasil.
A análise da Fiocruz serve como um alerta para a necessidade de uma estratégia nacional de saúde que priorize a autonomia tecnológica, a produção local e a redução da dependência externa. As políticas de Trump, embora tenham terminado, deixaram um legado de desafios que o Brasil precisa enfrentar para garantir a segurança e a soberania do seu sistema de saúde.