Crise na Saúde: Mais de 1,6 Milhão de Portugueses Sem Médico de Família em Abril

A situação da saúde primária em Portugal continua a ser motivo de preocupação. Dados recentes revelam que, no final de abril, mais de 1,6 milhões de utentes inscritos não tinham um médico de família atribuído, representando um aumento de 4,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este é um problema que afeta cada vez mais a população e levanta questões sobre a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Um Aumento Alarmante
O número de pessoas sem médico de família atribuído atingiu 1.633.699, um valor que supera o registado em abril de 2023. Este aumento reflete a dificuldade em aceder a cuidados de saúde primários, um pilar fundamental para a prevenção e acompanhamento de doenças.
Crescimento do Número de Inscritos
Paradoxalmente, o número de inscritos nos cuidados de saúde primários também aumentou. Isso indica que mais pessoas estão a procurar inscrever-se no SNS, mas a falta de médicos de família disponíveis impede que recebam o acompanhamento médico adequado. Esta situação cria um descompasso entre a procura e a oferta de cuidados de saúde.
Causas da Crise
As causas desta crise são multifacetadas. A falta de médicos de família, a distribuição desigual dos profissionais de saúde pelo país, a crescente procura por cuidados de saúde e as dificuldades em recrutar e reter médicos são alguns dos fatores que contribuem para esta situação. A questão dos salários e das condições de trabalho dos médicos também é um ponto crucial a ser considerado.
Impacto na Saúde da População
A falta de um médico de família atribuído tem um impacto significativo na saúde da população. A prevenção de doenças, o diagnóstico precoce e o acompanhamento de doenças crónicas são prejudicados, o que pode levar a consequências graves para a saúde dos utentes. A ausência de um médico de referência dificulta o acesso a aconselhamento, exames de rastreio e outras medidas preventivas.
Soluções e Perspetivas Futuras
É urgente encontrar soluções para resolver esta crise. O Governo tem anunciado medidas para aumentar o número de médicos de família, como a criação de mais vagas nas escolas de medicina e a oferta de incentivos financeiros para atrair médicos para zonas carenciadas. No entanto, estas medidas precisam de ser implementadas de forma rápida e eficaz para fazer a diferença.
A questão da organização dos cuidados de saúde primários também precisa de ser revista. A adoção de modelos de atendimento mais modernos e eficientes, a utilização de tecnologias de informação e a valorização do trabalho dos médicos de família são medidas que podem contribuir para melhorar a situação.
A crise na saúde primária é um desafio complexo que exige a colaboração de todos os intervenientes: Governo, profissionais de saúde, hospitais e utentes. É fundamental garantir que todos os portugueses tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade, perto de casa e quando precisam.