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Henrique Calisto, figura emblemática do futebol português, quebrou o silêncio numa entrevista exclusiva ao SAPO Desporto, lançando um apelo contundente por mudanças profundas no Instituto Português de Desenvolvimento do Desporto (IPDJ) e criticando a crescente tendência de recorrer a treinadores estrangeiros para liderar a Seleção Nacional. As palavras de Calisto, carregadas de paixão e preocupação, ecoam um sentimento crescente entre muitos observadores do futebol português: o futuro do desporto nacional está em risco.

“Estamos a matar-nos a nós próprios”, afirmou Calisto, num tom de urgência e desespero. O antigo treinador da seleção nacional de futebol sub-21 e do Vitória de Guimarães, entre outros clubes, não poupou críticas à gestão do IPDJ, apontando para a falta de investimento na formação de jovens treinadores portugueses e a prevalência de critérios pouco claros na seleção de profissionais para cargos de responsabilidade.

Calisto defende que o IPDJ deve ter como prioridade a promoção e o desenvolvimento de talentos nacionais, oferecendo programas de formação de qualidade e oportunidades de progressão na carreira. “Temos treinadores portugueses competentes e experientes, capazes de liderar a Seleção Nacional com sucesso. Não faz sentido estarmos sempre a procurar soluções lá fora, quando temos recursos humanos de excelência cá dentro.”

A questão dos treinadores estrangeiros é um ponto central no discurso de Calisto. Embora reconheça a importância da troca de experiências e da diversidade cultural no futebol, o treinador português argumenta que a seleção de um treinador estrangeiro para liderar a Seleção Nacional deve ser uma exceção, e não a regra. “A Seleção Nacional representa Portugal. É fundamental que o treinador tenha um profundo conhecimento da nossa cultura, da nossa história e do nosso futebol. Um treinador estrangeiro, por mais competente que seja, pode ter dificuldades em compreender e adaptar-se a estas particularidades.”

Calisto sublinha que a escolha de um treinador estrangeiro pode ter um impacto negativo no desenvolvimento do futebol português, ao privar os treinadores nacionais de oportunidades de aprendizagem e de contacto com a realidade do jogo de alto nível. “Os nossos jovens treinadores precisam de ter acesso a exemplos de sucesso, de aprender com os melhores. Mas, se a Seleção Nacional for sempre liderada por um estrangeiro, como é que eles vão ter essa oportunidade?”

A entrevista a Henrique Calisto levanta questões cruciais sobre o futuro do futebol português e a necessidade de uma reflexão profunda sobre o papel do IPDJ e a política de seleção de treinadores. As palavras do treinador, carregadas de paixão e convicção, são um alerta para a necessidade de agir antes que seja tarde demais.

A entrevista completa pode ser vista no SAPO Desporto, onde Calisto detalha as suas propostas para reformar o IPDJ e defender o futebol português.